quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009: Carta

Eu reafirmo meu amor pela literatura. Eu reafirmo meu amor pelo delicioso exercício de enlaçar palavras que enlaçadas são suficientes para delinear tortos caminhos que nos conduzem a enviesados personagens e suas histórias atravessadas. É flagrante fuga. E porque não fugir para os braços da imaginação e permitir-se sentir pelo simples prazer de sentir? Isso é roubar o que não nos pertence, é invadir histórias que não são nossas, mas que - ao final das contas - podem se parecer com a nossa própria história. E não há constrangimento, há prazer no desnudar palavra a palavra o personagem que, ao longo de páginas, luta contra algo, procura algo, quer algo ou simplesmente se entrega à displicência. Isso é pura identidade, porque eu ora luto contra algo, ora procuro algo ou alguém, ora quero ardentemente algo ou me entrego desavergonhadamente à displicência como se ela fosse minha salvação. È a vida decifrada em palavras, bordada em páginas, que meu olhar desalinha para suturar em mim uma nova experiência.

Um comentário:

Espatódea disse...

Lindo esse entender de palavras, essa imaginação fértil, esse enlace e desenlace... textos são assim mesmo feito crochê, ou tricó a gente pode bordar e desbordar, amarrar e desamarrar e irmos também apertando e desapertando os nós, as fitas, as estórias reais ou imaginárias. Gosto muito dos seus escritos...
e que 2009 lhe traga muitas outras inspirações...
Um grande abraço...